Muitos pacientes chegam no consultório com dor crônica no cotovelo, muitas vezes já tratada anteriormente, com muitas dúvidas e a que mais os preocupa é se realmente ela é passível de cura.
Qual a dor mais comum no cotovelo?
A dor mais comum no cotovelo é a epicondilite lateral, também chamada de cotovelo de tenista ou “tênis elbow”. Ela acomete mais de 150 mil brasileiros e não é restrita a quem pratica tênis. Foi descrita no jogador de tênis, pois é comum no jogador iniciante ou no praticante mais experiente que exagera no movimento e hiperextende o punho quando empunha a raquete, principalmente no “backhand”. Seus sintomas são dor em repouso ou à extensão do punho e à palpação do local, podendo ser acompanhada de edema (inchaço) no epicôndilo lateral e muitas vezes dor noturna.
O que é epicondilite?
A epicondilite é a inflamação da região dos epicôndilos do cotovelo, que são proeminências ósseas onde se inserem em forma de leque os extensores do punho do lado de fora (ou lateral) e os flexores do punho do lado de dentro (ou medial).
Como ocorre a epicondilite lateral?
Quando fazemos um esforço repetidamente e a musculatura utilizada para isso fadiga, sobrecarrega os tendões e se feito com muita frequência, pode causar uma inflamação, a tendinite. Somado a isso, nosso corpo utiliza outros músculos para ajudar aquele que está fadigado ou não está dando conta do trabalho que precisa ser feito. Um exemplo muito comum na musculação é uma pessoa que aumenta excessivamente a carga no aparelho de supino e quer fazer a série que está acostumada, acabando por recrutar os extensores do punho para ajudar os músculos supinadores a levantar aquele peso excessivo. Fazendo repetidamente esse movimento, acaba gerando uma inflamação na origem dos extensores do punho que é o epicôndilo lateral e por isso desenvolve a epicondilite lateral.
Como é feito o diagnóstico da epicondilite?
O diagnóstico é feito clinicamente pelo médico especialista à palpação da origem dos tendões no epicôndilo e por meio de testes especiais. Exames de imagem complementam o diagnóstico clínico e auxiliam no diagnóstico diferencial quando necessário. O ultra som pode identificar a inflamação e degeneração dos tendões e a ressonância magnética mostra detalhes da região acometida. A radiografia pode mostrar calcificação no tendão, exostoses e alterações ósseas de fraturas prévias.
O que é epicôndilo lateral?
O epicôndilo lateral é a proeminência óssea facilmente palpável na lateral do cotovelo e nela se inserem 6 tendões em forma de leque.
Qual o tratamento para epicondilite?
É preciso iniciar o tratamento logo, pois a tendinite aguda é muito mais fácil de ser tratada e não se tornar recorrente do que a crônica. Para tratar é importante identificar os fatores causais, pois o tratamento da epicondilite inicialmente é o repouso e a compressa de gelo, além do uso de analgésicos. Isso resolve praticamente 80% das epicondilites novas. Se se torna crônica, a epicondilite fica mais difícil de ser tratada e assim podem ser necessário outros tipos de tratamento, como fisioterapia, acupuntura, imobilização, infiltração, uso de órtese ou até mesmo terapia por onda de choque e em último caso a cirurgia.
Quando fazer infiltração na epicondilite?
Um dos tratamentos mais eficazes para a dor da epicondilite é a infiltração.
Ela pode ser feita com anestésico e corticóide e/ou anestésico e ácido hialurônico.
As 2 opções ajudam na dor, porém o corticóide melhora a curto prazo e o ácido hialurônico a longo prazo.
A infiltração isolada como tratamento não necessariamente irá curar a epicondilite. Na maioria dos pacientes é necessário associar a infiltração a outros tratamentos ( como repouso e fisioterapia) para que ocorra a remissão da doença.
Uma avaliação do especialista em ombro e cotovelo é o melhor ponto de partida para que haja sucesso no tratamento, uma vez que o tratamento deve ser individualizado para cada paciente, levando em consideração o esporte praticado, os fatores desencadeantes, o tempo dos sintomas e os aspectos anatômicos de cada paciente.
A epicondilite tem cura?
Se não tratada até a remissão completa dos sintomas ela se torna recorrente e por isso tem fama de que não terá cura. O importante é não deixar que ela vire crônica e se o repouso e o gelo não forem suficientes, é preciso procurar tratamento médico.
O que é terapia por Ondas de choque?
A terapia por ondas de choque (TOC) é um método terapêutico não invasivo que consiste em aplicar no local da lesão ondas de alta energia e alta pressão que promovem alívio da dor e cicatrização dos tecidos. Essas ondas têm efeito biológico de oxigenação dos tecidos promovendo regeneração tecidual. É uma terapia extracorpórea que costuma ser dolorosa, podendo ser realizada sob anestesia local. É indicada para tendinites crônicas e epicondilites refratárias ao tratamento convencional, além de tendinites calcárias, fasciítes, esporão do calcâneo, fraturas por stress e pseudoartroses.
O que é PRP ?
O PRP é o plasma rico em plaquetas, isto é, um filtrado preparado como plasma retirado do sangue do próprio paciente e usado para tratamento de algumas afecções musculares e tendíneas.
O PRP tem indicação na epicondilite?
Alguns estudos foram realizados com PRP em pacientes com epicondilite, porém vale lembrar que sua eficácia ainda não está comprovada cientificamente.
Quando é necessário fazer cirurgia na epicondilite?
A cirurgia na epicondilite é reservada para os casos com falha no tratamento não cirúrgico, isto é, tratado corretamente por pelo menos 6 meses sem melhora dos sintomas. Isso ocorre em aproximadamente 5 a 10% dos casos, normalmente quando o início do tratamento é tardio. É importante lembrar que a história natural da doença é a remissão dos sintomas entorno de 70 a 80% no período de 1 ano.
A cirurgia pode ser realizada de forma aberta ou por artroscopia e consiste em ressecar a região dos tendões que está degenerada, além de remover exostose óssea existente em alguns casos (raspagem do osso).